"A figa verde e a misteriosa mulher de branco", de Paulo Roberto Ferreira
Ao andarmos pelo mundo deste livro, pelas mãos e pensamentos daquele que reflete sobre uma história, campo simbólico, ficção, alteridade e espelho, território incessante das marcas das nossas humanidades, Paulo Roberto Ferreira, ao escrever A FIGA VERDE E A MISTERIOSA MULHER DE BRANCO, dentro de uma narrativa entrecortada em nós, pele aberta, sangue semovente, uma memória em potência, escreve também sobre o nosso estar no mundo, os nossos territórios, as nossas Amazônias, esse espaço social de fraturas e resistências.
Estamos também diante de um livro que nos oferece o poder das histórias, essa linguagem sagrada que cura e colmata os nossos abismos. Há passagens que, mesmo invisíveis, oferecem-nos a chance de sondar um corpo fechado ao mal. Nestes tempos subterrâneos que sempre retornam com discursos nacionalistas maquiados a pó e pólvora, casca e caos, Paulo Ferreira escreve para nos lembrar de nunca esquecer.
Daniel da Rocha Leite, escritor
O texto relata histórias com alto grau de impacto psicológico devido às diversas formas de autoritarismo e violência física em crianças e adultos, provocadas por autoridades institucionais. Em períodos curtos e objetivos, narrando em terceira pessoa, o texto hipnotiza o leitor pela empatia propiciada pela intimidade que revela em cada episódio, sempre no plano da emoção e de uma tensão promovida pelo clima de repressão e suspense que atravessa cada história.
O tempo da narrativa evolui com os personagens, atualizando e utilizando fatos históricos que imergem o leitor nas tramas, acionando uma memória recente do país. A verossimilhança com personagens e momentos históricos dá muita densidade ao texto e situa o leitor em um clima que esclarece e emociona. Considero o romance fundamental para situar as gerações mais recentes no que foram os anos vividos por pessoas naquela época.
Gutemberg Armando Diniz Guerra, escritor